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Imagem: Arquivo pessoal |
Antes da chegada dos missionários, nas sociedades indígenas brasileiras, os mitos eram tipicamente masculinos e femininos, sem a delimitação de supremacia ou poder. Na mitologia Kayapó, por exemplo, os mitos guerreiros, caçadores, inimigos, gigantes e monstros são masculinos. Mas o mito mais contado e mais apreciado é o mito da "Origem das Plantas Cultivadas", mito feminino, que foi trazido, "por uma estrela do céu que além de muito bonita ensinou os índios a cultivar a roça, a plantar mandioca e batata doce, (...) estabelecendo uma relação entre a mulher e a agricultura, a atividade mais importante na sociedade Kayapó"(VIDAL, 1990, p. 83).
A minha afinidade com os povos indígenas vem desse respeito por tudo o que os cerca e, por sua Liberdade de viver. O monge zen-budista Japonês Yasuniko Genku Kimara nos fala que: "Para se relacionar de maneira saudável com outra pessoa é preciso, antes, estabelecer uma relação plena e feliz consigo mesmo." E, o homem está buscando se reencontrar. Não me canso de falar ou escrever sobre isso. Desde minha infância percebi o tolhimento que havia na nossa educação no que tange a religião, ou o exercício da mesma na minha geração, e de tantos outros. O Patriarcado era, e, em muitas situações, ainda o é, um conceito dilacerante de corações que anseiam serem livres. Livres de espírito e de Alma.
Esses valores, dogmas e tabus, mesmo inconscientes, ainda persistem. Existe um desrespeito velado por todos os lados...Hoje, pouca coisa mudou, o que mudou foi a forma de se usar tais conceitos de valores...Ainda lutamos por resgatar nossa liberdade, e a liberdade de nossa Alma...Um não vive sem o outro.
Os povos das Américas são um exemplo disso para nós até hoje. Quando os europeus aqui aportaram não encontraram nenhuma vontade da população em optar pela fé cristã. Eles tinham a sua forma de religio. Mas, isso não foi motivo bastante. A imposição era a linguagem falada nessa época, e se fazia o que fosse necessário, para se chegar ao objetivo desejado. Foi onde se dizimou boa parte desta população. Sob o véu do disfarce, muitas religiões ao longo do tempo lutaram com seus 'padrões morais', tidos como ‘melhores ou superiores’, para serem difundidos, mesmo que, para isso, dependesse do uso força bruta.
O bispo Bartolomé de las Casas, da Ordem de São Domingos, em seu livro "Brevíssimo relato da destruição das Índias", conta a história de Hatuey indígena que reuniu seu povo na ilha de Cuba, após fugir do atual Haiti. Hatuey e seu povo achavam que o deus dos espanhóis era ouro e jóias e por isso, no intuito de agradá-los, dançaram diante de uma cesta cheia destas riquezas. Ao perceber que as crueldades contra seu povo não terminavam, jogou tudo o que tinham num lago. Os espanhóis haviam chegado a Cuba em 1511, comandados por Diego Velasquez. Hatuey, que vivia fugindo, acabou sendo preso e condenado à morte na fogueira. No momento de sua execução, já amarrado ao poste para ser queimado, um padre franciscano aproximou-se para falar-lhe do Deus dos cristãos e da fé católica. Explicou-lhe o padre que se aceitasse a fé cristã iria para o céu, caso abjurasse iria para o inferno. O chefe indígena pensou e perguntou se os cristãos que ali estavam também iriam para o céu. Tendo o padre confirmado, Hatuey optou em ir para o inferno para que não viesse a estar em companhia de pessoas tão cruéis (O MUNDO, 1991, p. 13).
Maitei horyveva ndeve ha nde pehengue kuera peguãrã!
(A mais alegre saudação é para ti e para todos os teus familiares!)
Referências:
O MUNDO que os invasores encontraram: 500 anos. Mensageiro, Belém, n. 69, p. 13-16, maio/jun., 1991.
VIDAL, Lux.
A mulher indígena Kayapó. Mensageiro, Belém, n. 63, p. 83-86, abr./maio/jun., 1990.
6 comentários:
Que lindo seu blog!
sexta-feira, maio 28, 2010 10:57:00 PMAdorei sua visita ao Delírio da Bruxa.
Bjo
Denise
Olá querida!
sábado, maio 29, 2010 8:30:00 PMGostei do que escreve, percebi sua preocupação em melhorar o mundo. No judaísmo chamamos de "Tikkun Olam" - "Reparação do Mundo".
Na verdade existe similaridade entre culturas antigas de reconhecer no Criador (Elohim) as dádivas da Terra, da Água, do Sol, da Lua e da vida em geral. O cristianismo adotou o símbolo romano mais cruel que é a cruz. Da nossa tradição judaica, se apossaram da Torah e do nosso futuro Messiah (O Salvador, que virá ao mundo um dia).
Subjugando através da grande mentira de que Yeshua era o Messiah, o cristianismo cometeu a extermínio de centenas de milhões de seres humanos, inclusive meus antepassados. Yeshua - Jesus, era Judeu e um bom homem seguidor da Torah e não era o Messiah esperado, ele mesmo sabia disso. Mas os romanos perverteram as escritas da Torah e depois do mito fundaram a Igreja Católica. Igreja que ofereceu ao Nosso Pai, o Senhor de todos as vidas, somente mortes, torturas, templos riquíssimos, barbáries e maldades, agindo a favor de poderosos cruéis e dominadores, não a favor dos simples e humildes.
Que todos nós sejamos salvos do "céu" prometido por eles, mestres da cruz.
Shalom Aleichem (A paz esteja sobre você)
(Desculpe meu português ruim)
Olá!
segunda-feira, maio 31, 2010 1:16:00 AMVim retribuir a visita e me encantei com seu cantinho!
Já virei fã e seguidora!
Abraços
Lia♥
Blog Reticências...
Vim retribuir a visita e adorei seu blog, por conteudo e tudo mais!!
segunda-feira, maio 31, 2010 1:19:00 PMShow!
Vou seguir!
Bjos
ES- PE- TA- CU- LAR!
segunda-feira, maio 31, 2010 4:26:00 PMVENHA TRAZER SUA CULTURA , SENSIBILIDADE E BELEZA , TAMBÉM PARA O MEU BLOG.
UM ABRAÇÃO CARIOCA!
Que bonito, aqui, moça!
terça-feira, junho 01, 2010 1:03:00 PMObrigada pela vista às minhas "Fases", tá? ;)
Beijo, beijo.
ℓυηα
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