Um dos mais tradicionais terreiros de candomblé do país Ilê Axé Opô Afonjá completa um século de força, afirmação de identidade e resistência negras.
“Todos os que passam do portão do terreiro para dentro são considerados por Xangô, seus filhos”. Com esta frase a professora Vanda Machado, egbomi do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, explica aos convidados com simpatia o acolhimento que terão dentro de um dos mais tradicionais terreiros de candomblé da Bahia. E deixa antever princípios filosóficos de uma cultura de matriz africana ancestral.
Na tradução
do iorubá – língua falada pelos negros nagôs - para o português, o nome
do terreiro significa “Casa de Força Sustentada por Xangô”. Foi em referência a este Orixá que a cria
dora
do Axé,
dona Eugenia Anna
dos Santos, a famosa
Mãe Aninha, fun
dou o
terreiro no ano de 1910.
Mãe Aninha dizia sonhar ver os filhos
do Axé “de anel de
doutor nos de
dos e prostra
dos aos pés de Xangô”. Passa
dos cem
anos, e sob a direção de
Mãe Stella de Oxossi,
a atual sacer
dotisa que dirige toda a comunidade religiosa situada no bairro de São Gonçalo
do Retiro, em Salva
dor, o Opô Afonjá, além de espaço de culto ao sagra
do, é sinônimo
do “axé” (força), de resistência cultural e local de afirmação das identidades negras.
Ocupando uma área com cerca de 39.000 m2, o terreiro abriga ainda a Escola Municipal Eugênia Anna dos Santos, reconhecida pelo MEC como instituição modelo no que se refere àquilo que a lei 10639/2003 advoga: que as escolas do país devotem tempo e atenção à história e a força das culturas negras. Estas tão bem representadas por personagens como mãe Aninha e Mãe Stella, mas também por outras sacerdotisas que ocuparam o posto máximo daquela Casa, tais como Mãe Badá, Mãe Ondina, Mãe Senhora. E tantas outras que, neste território de dimensões continentais, vem acolhendo em seus “axés” aqueles que buscam proteção, força vital, esperanças, troca comunitária e felicidade na religião dos Orixás.
É bem verdade que as ações, a coragem, a determinação e a luta destas mulheres negras valorosas ainda fazem parte da história não-oficial do país. Mas é incontestável também as possibilidades de reconhecimento pelos jovens e crianças de nossas escolas do quão interessantes e exemplares são estas – e tantas outras – personalidades negras. Muitos vem lutando para que este seja um dos frutos a serem colhidos através da obrigatoriedade da lei que passou a regular, em 2003, as práticas educacionais em nossas escolas na direção da Igualdade Racial. Para além dela (e fortalecendo-a) temos ainda, o recém aprovado Estatuto da Igualdade Racial – com artigos garantidores não apenas dos avanços na área educacional, mas também dos direitos das comunidades-terreiros. São avanços que podem contribuir efetivamente para que todos que protagonizaram a história do Ilê Opô Afonjá integrem-se já neste século XXI e nos vindouros, às páginas que registram a História Oficial da Nação Brasileira.
Fonte: Comunicação Social da SEPPIR/PR
Odoiyá Orayeyeo
1 comentários:
Olá! Querida! não sabia... nossa quanto tempo, aqui é pouco divulgado, mas tem um local bem grande e lindo aqui na minha cidade, acredito q existam outros, ma snão conheço!
sábado, julho 17, 2010 1:09:00 AMQuerida! Obrigada pela visita e pelo carinho! cada texto, poema, reflexão tão lindos por aqui e o seu comentário foi tão especial escrito tão bem e delicado! Obrigada pelo carinho!
Amo estar aqui e mtas vibrações maravilhosas p/ vc tb!
bjinhusssss
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