O Natal aconteceu para que os adultos se lembrassem do esquecido. Porque ficar adulto é isto: perder a memória. O adulto é alguém que, por se julgar possuidor de todos os saberes, se esqueceu das razões para viver.
São os poetas que sabem o que é o Natal.
Há aquele longo poema de Alberto Caeiro, em que ele conta que Jesus, cansado da adulteza e fingimento do céu, fugiu para a terra escorregando num raio de sol, tornando outra vez menino. Menino exatamente como os outros meninos, sem nada de extraordinário. Não era um menino bonzinho, menino rezador, menino com os olhos revirados para cima, menino que faz milagres (quando eu era menino, o padre gostava de contar mentiras: dizia que Jesus menino fazia passarinhos de barro, dava um sopro e eles saíam voando. Esse, evidentemente não era o menino-deus, que era simplesmente criança, como todas as outras). O divino não se encontra no extraordinário, ele se encontra no comum. Não existe nada mais divino que ser criança. Nós, adultos, passamos a vida tentando transformar as crianças em adultos. Deus, que faz tudo ao contrário – os adultos são o direito, Deus é o avesso -, passa a vida tentando transformar os adultos em crianças – para que eles possam brincar com a vida e, vez por outra, topar com a alegria.Ai eu entendi: Natal não é festa para crianças, Elas já sabem que Deus é criança. Não é festa para elas. É festa delas para os adultos. São os adultos que estão perdidos. Por isso eu sugiro que no Natal as crianças façam coisas que nunca fizeram: que elas dêem brinquedos como presentes para os seus pais, mesmo que sejam brinquedos velhos. Aí, quem sabe, o milagre acontece: os adultos viram crianças de novo – e os filhos ganham, o melhor de todos os presente: companheiros de brinquedo.
Rubem Alves
Recebi esse artigo de meu amor Brand, que trás dentro de sí uma criança encantadora.
TE AMO!!!
Beijinhos Carinhosos
1 comentários:
obrigada.
terça-feira, dezembro 18, 2007 7:41:00 PM______________
além.mar....de natal...mesmo que em dezembro frio.
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